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A inclusão desses alunos nas escolas de ensino regularacontece a partir do 6º ano do Ensino Fundamental. Para o professor de matemática, da educação especial, Kenny Oliveira a inclusão é extremamente necessária. “O aluno sai do mundo só de Libras e entra para o mundo dos ouvintes e acaba aperfeiçoando o português”. 

O professor ainda salienta que existem três tipos de surdez, os que nascem surdos, os que ficam durante a infância e aqueles que perderam a audição na fase adultos. Os dois primeiros tipos "não desenvolvem a fala porque nunca ouviram e nem praticaram a fonologia, mas isso não significa que não podem aprender a falar”. O terceiro,“estes conseguem falar, porque aprenderam quando ouvintes".

CEADA

O Centro Estadual de Atendimento ao Deficiente da Audiocomunicação (Ceada) é uma escola especializada para surdos, surdocegos e outros comprometimentos relacionado a surdez. O professor auxiliar de informática da instituição, Milton Terrazas, 36 anos, surdo, relata que "eles aprendem desde pequenos a Libras, que é a língua mãe e depois aprendem o Português que acaba sendo a segunda língua". A escola oferece ensino regular de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, além de disponibilizar atendimento com fonoaudiólogo e psicólogo.  
Terrazas relata que estudou no Ceada e para ele todos os surdos deveriam iniciar sua trajetória educacional na instituição, que oferece toda base de apoio para Libras.

CAMINHOS PARA ASSISTÊNCIA AO DEFICIÊNTE AUDITIVO

"Eles aprendem desde pequenos a Libras, que é a língua mãe e depois aprendem o Português" 

Milton Terrazas

Alunos surdos do Ceada, em confratenização de fim de ano

CAS

A Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul (SED), por meio do Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS), órgão criado pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) em 2003, oferece todos os anos curso de Libras gratuito para a sociedade, com foco principal em educadores e familiares de surdos.

A coordenadora do CAS, Suliane Barros, explica que o Centro foi desenvolvido para atender, principalmente, a comunidade surda diante das diversas dificuldades de comunicação e também foi necessário envolver a comunidade ouvinte que precisa de suporte e orientação. Assim oferecem dois cursos para docentes ouvintes que dominam a Libras, o de professores mediadores, que ensina e interpreta para os surdos e o de formação de professores para salas de recurso, que são lugares específicos para atender as necessidades dos alunos surdos nas escolas. Suliane Barros afirma ainda que o mercado de trabalho precisa de pessoas especializadas no atendimento às pessoas com surdez. “Aqueles que têm a Libras estarão a um passo de um bom emprego”. Por este motivo o Centro oferece um curso aprofundado de Libras que

tem duração de três anos. A instrutora Ângela Paes, 34 anos, surda, explica que aprender Libras exige determinação e dedicação, pois o curso é extenso. “São quatro módulos, cada um tem seis meses de duração e mais um ano de Prática de Interpretação (PI)”. Nos módulos I e II são ministrados conteúdos básicos, o III e IV trabalham assuntos mais amplos e construções de frases. A Prática de Interpretação é subdividida em dois semestres. As turmas seguem escalas durante a semana, segundas e quartas-feiras ou terças e quintas-feiras na Escola Estadual Zamenhof e aos sábados na Escola Estadual General Malan, cabe ao aluno decidir qual frequentar. Ângela Paes ainda explica que os conteúdos modulares são ministrados somente por surdos, denominados professores instrutores, para que os alunos só se comuniquem em Libras. A professora de Educação Infantil, Denise Soares Almeida, 32 anos, aluna do curso de Libras, relata que é formada em Pedagogia há dois anos e decidiu aprender Libras para se prevenir no futuro. “Eu considero que a Libras é uma língua que todos os professores deveriam saber se caso eu tiver um dia um aluno surdo vou conseguir me comunicar com ele”.

Os professores do curso de Libras do CAS, são todos instrutores surdos

LEIS

Existem duas leis específicas para os deficientes auditivos que asseguram os direitos dos surdos. Para a intérprete de Libras, Milena Pereira, “após as Leis a comunidade surda ganhou força”. A legislação proporcionou avanços na língua e para a profissão intérprete. A primeira Lei 10.436 de 24 de abril de 2002 reconhece a Libras como meio legal de comunicação e expressão, em que se tem uma gramática própria e não pode ser substituída pela Língua Portuguesa. E ainda estabelece a educação inclusiva para

 

 

Dia Nacional do Surdo

os surdos, na modalidade bilíngue, na escolarização básica, que garante para alunos deficientes auditivos a presença de educadores capacitados e um intérprete de Libras nas salas.

Oito anos depois foi criada a Lei 12.319, de 1º de setembro de 2010, que regulariza a profissão intérprete de Libras, o mesmo pode traduzir da Língua Portuguesa para a Libras e vice e versa, em que se deve prevalecer a ética e o respeito a cultura surda.

Em 2008, por meio da Lei 11.796 foi criado o Dia Nacional dos Surdos. A data é motivo de festa para a comunidade surda, a intérprete de Libras Milena Pereira explica que o "momento é usado para relembrar os desafios e lutas por melhores condições de vida que os surdos enfrentaram durante anos". Ela ainda esclarece que esse dia foi escolhido por ser o mesmo da primeira escola para Surdos no Brasil inaugurada em 1857, no Rio de Janeiro (RJ). A escola recebeu o nome de Instituto Nacional de Surdos Mudos do Rio de Janeiro e atualmente é denominada de Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). O estabelecimento foi fundado pelo professor

 

 

 

francês surdo Hernest Huet, com o apoio do imperador D. Pedro II, inicialmente recebeu o nome de Imperial Instituto de Surdos Mudos. Segundo Milena Pereira, o estabelecimento era um asilo de surdos, onde eram abandonados os deficientes auditivos de todas as regiões do país, só aceitavam surdos do sexo masculino.

O mês que é celebrado o dia dos surdos ficou conhecido como Setembro Azul e é comemorado anualmente como símbolo de conquista. Em Campo Grande o CAS e o CEADA, todos os anos, desenvolvem atividades como palestras, teatro, dança, jogos, brincadeiras e exposições de livros, a ação é realizada como forma de reconhecimento da causa. 

                        Dia Nacional do Surdo, realizado na Praça do Rádio Clube em Campo Grande

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